Eu li: Persépolis

Um livro em quadrinhos (sim, em quadrinhos!!!) que conta a história de uma menina iraniana que acompanha a revolução ocorrendo no seu país e toda a instauração de um regime opressor. As particularidades da idade, a adolêscencia fugida da guerra na Europa e a identidade nacional abordadas com muita graça nessa auto-biografia de Marjani Satrapi. 



A sinopse pelo Skoob é essa: 

"Marjani Satrapi tinha apenas dez anos quando se viu obrigada a usar o véu islâmico, numa sala de aula só de meninas. Nascida numa família moderna e politizada, em 1979 ela assistiu ao início da revolução que lançou o Irã nas trevas do regime xiita - apenas mais um capítulo nos muitos séculos de opressão do povo persa. Vinte e cinco anos depois, com os olhos da menina que foi e a consciência política à flor da pele da adulta em que se transformou, Marjane emocionou leitores de todo o mundo com essa autobiografia em quadrinhos, que só na França vendeu mais de 400 mil exemplares. Em Persépolis, o pop encontra o épico, o oriente toca o ocidente, o humor se infiltra no drama - e o Irã parece muito mais próximo do que poderíamos suspeitar."


Queria agradecer ao JP que acertou em cheio ao me dar esse livro (e todos os outros). Muito obrigada!

A primeira vez que tive contato com Persépolis eu havia acabado de entrar no Ensino Médio e foi numa aula de Artes Visuais. O livro estava rodando pela mesa e eu acabei pegando para dar uma olhada. 
Aos 14 anos não mensurei muito bem quão profunda poderia ser a história, mas fiquei interessada. Ainda tinha algumas ideias meio tresloucadas sobre o Oriente Médio, como se todo o povo fosse alienado e tivesse os olhos vendados pelo fanatismo religioso. Como se todos fossem implodir carros com seu regime extremista e como se nós, ocidentais, fossemos realmente muito diferentes deles em todos os pontos. Sim, eu era uma idiota preconceituosa. 

Apenas ano passado, quando ganhei o livro do JP, consegui ler. E fiquei devidamente impactada com a história da Marjani. Com a forma pela qual a abordagem é feita, desde as impressões de uma criança sobre o que acontece em seu país e reflete em seu bairro, seus costumes, convicções, roupas que usa e até mesmo com quem ela pode andar.

Marjani faz um apanhado desde os seus dez anos. Aos nove, a revolução instaurou-se no Irã e sua vida passou por enormes mudanças. Além de ser obrigada a usar véu, foi separada dos meninos na sua escola laica. Seus pais, que tinham ideais diferentes e mais avançados em relação ao resto da população, viviam nas sombras do regime mesmo tendo uma condição de vida um pouco melhor. Escondiam-se atrás de cortinas, prendiam janelas para evitar bombardeios e educavam Marjani com livros relacionados às correntes de pensamento da época (década de 1970/1980) ansiando que ela não absorvesse os absurdos morais veiculados pelo governo. 



Marjani vê pessoas da sua família morrerem. Outras são presas. Seus amigos, assassinados ou enviados para o exterior por seus pais terem medo do regime. Seu véu é medido de cima a baixo porque seu cabelo pode excitar os homens (e se isso acontecer é culpa dela segundo o governo). Sua vida vai para trás das cortinas e ela é enviada aos 14 anos, assim como seus amigos, para outro país. Vai para Viena, Áustria, sozinha. Longe de seus pais, seus amigos, seus costumes. Ela precisa se virar para morar, comer, estudar. Até que fica doente e volta ao Irã.
Ela precisa lidar com a saudade do seu país, a opressão cada vez maior em sua pátria e as dificuldades impostas pela idade.

Acho que é desnecessário que eu diga que achei um livro extremamente genial, sensível e tocante. Ele quebra estigmas e preconceitos infundados, abre um leque cultural maravilhoso e te leva a fundo pela sensação das ruas iranianas nessas décadas. 
Todo ponto de vista é ressaltado, toda relação entre países é equacionada em prejuízos para a sociedade e para uma menina que nasceu no auge da revolução. Marjani é corajosa, envolvente e honesta em todas as suas palavras e vícios. 
E com certeza você vai se deliciar com os desenhos feitos de forma bem simples, porém expressiva. Persépolis é um banho de cultura e humanidade!


Livro: Persépolis
Autor (a): Marjani Satrapi
Editora: Quadrinhos na CIA, Companhia das Letras.
Edição/Ano: 5ª, 2009

10 comentários:

Gisa Lea disse...

Eu queria um livro em quadrinhos! Mas um que fosse tipo incrível, aí cheguei nesse post! Aí eu precisava ficar rica logo pra comprar todos os livros que eu quero.

http://www.sonhosmanuscritos.com/

Rafaela disse...

Gostei do livro, tenho alguns em quadrinhos, bíblicos!
d-atilografando.blogspot.com

Larissa Gomes Ramos disse...

eu acho mt mt bom livros desse tipo!
li um ~mais ou menos~parecido "o caçador de pipas", e foi mt emocionante!
adorei tudo aqui
Beeijos da Lari! <3
seu blog é muito lindo!
Blog Call me Lari

Anônimo disse...

Esse livro parece ser muito bom.
Quando estava no terceiro ano assisti o filme na aula de história. Vale muito a pena assistir.
http://leticiafezumblog.blogspot.com.br/

Anônimo disse...

Eu nunca fui muito fã de livros em quadrinhos (só quando eu era menor), mas vendo esse agora, eu lembrei de um que me interessei no meu colégio uma vez.
Hahah

Um beijão, viu? Muito sucesso para o blog ^_^

Blog: http://tuacompor.blogspot.com.br/

Unknown disse...

Olá, Gisa! Esse livro é realmente incrível e quando você puder comprar e ler, tenho certeza de que não irá se arrepender.

Unknown disse...

Oi, Rafaela! Quadrinhos bíblicos eu também tenho, mas eram muito menores e não tão profundos como Persépolis. Mas já é uma boa ler para se acostumar!

Unknown disse...

O caçador de pipas não é em quadrinhos, né? É a história que aborda pontos semelhantes pelo que conheço. Sempre tive muita vontade de ler, obrigada por me lembrar.
E mais obrigada ainda pelo elogio ao blog. De verdade <3

Unknown disse...

Quero muito assistir ao filme! Ele já está na minha listinha porque o livro é sim maravilhoso! Obrigada por ter visitado aqui!

Unknown disse...

Eu também nunca fui muito fã, lia a Mônica e achava o suficiente. Depois de crescida não mais me interessei por animes, mangás ou nada disso. Mas quando li Persépolis foi praticamente amor à primeira vista!