Você todo fim de ano planeja aqueeeeela viagem pra praia. Compra um biquíni fio dental, Cenoura & Bronze, vai no camelódromo pegar a promoção de óculos escuros do tipo aviador. Tá se sentindo prontinha pra entrar na lancha e passar as férias todas fritando na canga psicodélica do verão passado (a do Bob Marley também entra na estatística). Planeja mudar sua cor de lâmpada fluorescente para da cor do pecado e o status no dia de sol acaba em leve insolação.
Mas eis que chove. Cabrum!! Todos os seus planos que combinam biscoito globo (para os cariocas) e ônibus lotado foram, literalmente, por água abaixo. Nem tudo está perdido porém, caro leitor deste blog. A autora desta Balbúrdia, como estudante de audiovisual pelo ensino médio, pode fazer uma coletânea para você que quer inaugurar o nada mainstream
O que é o cult, na verdade? Com toda essa brincadeira quis chegar no ponto em que eu, Ana Beatriz, digo a vocês que são filmes que destacaram-se em algum aspecto entre aqueles que são cinéfilos ou verdadeiros entendedores da sétima arte. De natureza diferente, podem causar sentimentos confusos, fotografias, roteiros ou atuações excelentes e que marcaram de alguma forma os amantes de cinema. Claro que você vai assistir porque REALMENTE, realmente, realmente são filmaços na minha humilde opinião de quase nã0-entendedora de cinema. O cult traz o rebuliço do quase inacessível pela sociedade comum, eu e você que pegamos o busão lotado pro trabalho (deu pra ver que estou claramente traumatizada sobre ônibus porque é a segunda vez neste post que são citados). De uma forma geral, são eternos e não passageiros (mas de novo coisa com ônibus, meu Deus!).
Os últimos filmes cult que eu adicionei ao meu não-tão-atualizado Filmow serão aqui falados. E os filmes cult que eu nunca vi serão citados e a minha dívida com a sociedade algum dia será saldada. Prometo não fazer que nem eu fiz com Rei Leão, que vi pela primeira vez apenas neste ano. Me crucifiquem. Não estava preparada para tamanha emoção, até chorei naquela parte bem triste que todos obviamente conhecem. As sinopses deste post vem do Adoro Cinema.
Lá vem a lista:
Melancolia: 2011
Um planeta chamado Melancolia está prestes a colidir com a Terra, o que resultaria em sua destruição por completo. Neste contexto Justine (Kirsten Dunst) está prestes a se casar com Michael (Alexander Skarsgard). Ela recebe a ajuda de sua irmã, Claire (Charlotte Gainsbourg), que juntamente com seu marido John (Kiefer Sutherland) realiza uma festa suntuosa para a comemoração.
Para você entender o filme do cineasta Lars von Trier (Ahh, agora viram a piadinha ali em cima, hein!) você precisa grudar na cadeira. Não que ele seja de difícil compreensão, mas ele é intenso. Ideias e ideias são jogadas, você por vezes não compreende os personagens e… Ai, que agonia! Bem, eu achei incrível. Definiria este filme como intenso mesmo. Não acho nada muito brilhantemente montado no roteiro, mas a execução me pareceu ter sido feita com maestria. E eu que sempre achei a Kirsten meio sem sal finalmente pensei que encontraram o papel perfeito pra ela. Pedras à parte, leitores, é um filme que merece ser visto. E está na minha lista para ser revisto.
As Bicicletas de Belleville: 2003
Champion (Michel Robin) é um menino solitário, que só sente alegria quando está em cima de uma bicicleta. Percebendo a aptidão do garoto, sua avó começa a incentivar seu treinamento, para fazê-lo um verdadeiro campeão e poder participar da Volta da França, principal competição ciclística do país. Porém, durante a disputa, Champion é sequestrado. Sua avó e seu cachorro Bruno partem então em sua busca, indo parar em uma megalópole localizada além do oceano, chamada Belleville.
Ah, as animações! Um sorriso até se abre porque sou absolutamente apaixonada em todas as animações. À primeira vista, torci o nariz para esse filme. Ele praticamente não tem falas, as formas dos personagens são bem diferentes da realidade. Quando me vi completamente dentro da história não pude mais abandonar. Uma avó amorosa e um cachorro que late para o trem que passa são as maravilhas desse filme francês que tem tudo para desbancar qualquer dessas animações (divas, claro) da Pixar. Assistam, de verdade!
Em um mundo onde é possível entrar na mente humana, Cobb (Leonardo DiCaprio) está entre os melhores na arte de roubar segredos valiosos do inconsciente, durante o estado de sono. Além disto ele é um fugitivo, pois está impedido de retornar aos Estados Unidos devido à morte de Mal (Marion Cotillard). Desesperado para rever seus filhos, Cobb aceita a ousada missão proposta por Saito (Ken Watanabe), um empresário japonês: entrar na mente de Richard Fischer (Cillian Murphy), o herdeiro de um império econômico, e plantar a ideia de desmembrá-lo. Para realizar este feito ele conta com a ajuda do parceiro Arthur (Joseph Gordon-Levitt), a inexperiente arquiteta de sonhos Ariadne (Ellen Page) e Eames (Tom Hardy), que consegue se disfarçar de forma precisa no mundo dos sonhos.
Que filme! QUE FILMAÇO! “A origem” não é tão inacessível assim porque já até passou no SBT. Valeu, tio Sílvio! Ele gera um burburinho no público porque o final é realmente discutível. Quem assistiu entre na campanha “Não dê spoiler, dê amor” lançada em um post anterior neste mesmo blog. O DiCaprio me pareceu sensacional nesse filme e a Ellen Page é sempre linda. Só por eles o longa valeria. Mas é um filme muitíssimo inteligente, então não ouse desgrudar os olhos para separar o milho que não estourou da pipoca no seu balde. Nem mesmo pense em fazer xixi durante essa maravilha. Assista que vale mais a pena.
Jack (Edward Norton) é um executivo jovem, trabalha como investigador de seguros, mora confortavelmente, mas ele está ficando cada vez mais insatisfeito com sua vida medíocre. Para piorar ele está enfrentando uma terrível crise de insônia, até que encontra uma cura inusitada para o sua falta de sono ao frequentar grupos de auto-ajuda. Nesses encontros ele passa a conviver com pessoas problemáticas como a viciada Marla Singer (Helena Bonham Carter) e a conhecer estranhos como Tyler Durden (Brad Pitt). Misterioso e cheio de ideias, Tyler apresenta para Jack um grupo secreto que se encontra para extravasar suas angústias e tensões através de violentos combates corporais.
Você vai pensando que vai encontrar um filme raso, mas ele vai fundo. Atinge a boca do estômago e enquanto você cata os resquícios de seu suco gástrico que pingaram na sua dignidade, vai se surpreendendo com o filme. O filme tem um livro (que eu nunca li, nem mesmo achei em livrarias que procurei) e contam as más-línguas que é uma belíssima adaptação que o David Fincher trouxe ao público quando dirigiu o longa. Este é outro filme que eu aconselho que você não desgrude seus olhos da tela: ele é bem confuso. Quem disse que isso é ruim? É o tom que deixa o filme ma-ra-vi-lho-so. E Helena Bonham Carter com Brad Pitt são belíssimas desculpas para você assistir, não acha?
Na Alemanha pós-2ª Guerra Mundial o adolescente Michael Berg (David Kross) se envolve, por acaso, com Hanna Schmitz (Kate Winslet), uma mulher que tem o dobro de sua idade. Apesar das diferenças de classe, os dois se apaixonam e vivem uma bonita história de amor. Até que um dia Hanna desaparece misteriosamente. Oito anos se passam e Berg, então um interessado estudante de Direito, se surpreende ao reencontrar seu passado de adolescente quando acompanhava um polêmico julgamento por crimes de guerra cometidos pelos nazistas.
Filmes que retratam a segunda guerra já me ganham na sinopse: amo. Minha melhor amiga trouxe esse filme da locadora anos atrás pensando nisso e acertou em cheio. Na época, eu tinha meus 13 anos e fiquei meio chocada porque é muita gente nua o filme inteiro para quem não está acostumado. Se você está naquela fase puritana, desfaz seus preconceitos com uma boa dose de senso de obra-prima. É delicado, comovente e forte mesmo assim. Prenda-se e se deixe levar pela história porque aposto que você não vai se arrepender. É impossível não se sensibilizar com a história que… Ai, é linda. Para não soltar spoilers, recomendo urgentemente: assistam, assistam, assistam!
Joel (Jim Carrey) e Clementine (Kate Winslet) formavam um casal que durante anos tentaram fazer com que o relacionamento desse certo. Desiludida com o fracasso, Clementine decide esquecer Joel para sempre e, para tanto, aceita se submeter a um tratamento experimental, que retira de sua memória os momentos vividos com ele. Após saber de sua atitude Joel entra em depressão, frustrado por ainda estar apaixonado por alguém que quer esquecê-lo. Decidido a superar a questão, Joel também se submete ao tratamento experimental. Porém ele acaba desistindo de tentar esquecê-la e começa a encaixar Clementine em momentos de sua memória os quais ela não participa.
Não, não é um filme de romance comum. É um filme que prima pelo sentimental e não pelo sentimentaloide, se conseguem diferenciar. Não, não é meloso. Ele doi, mas doi de forma genial! Um dos raros filmes do Carrey que realmente pude dizer assistir de forma apaixonada. Traz uma excelente mensagem sobre o amor, relacionamentos e tudo mais. As cenas de Joel desistindo de esquecer Clementine são inteiramente magníficas. Ah, a dica é reparar no cabelo da maravilhosa Kate durante o longa porque é uma boa pista para entendê-la a fundo na mente do Joel e dela mesma. Amem esse filme assim como eu amo!
Filmes que não vi, mas acho que você pode ver se quiser completar sue curso de como-ser-cult-nas-férias: Laranja mecânica, Janela indiscreta (sim, não me perguntem como passei este post sem falar do Hitchcock: pelo menos comentando sobre o que eu não vi eu não deva cometer tamanho ultraje), Pulp fiction, Cães de aluguel e váááários outros que vocês descobrirão em um meio… Hm, cult!