"A conversa"

Foto retirada do We heart it e adaptada por mim. Por favor, muito lindinha.

Aproveitei a carona da Leidianne Martins, do Dedo de Menina, para desenvolver um assunto polêmico mas que envolve todos os adolescentes do mundo todo: sexo.

Quando fui chegando à pré-adolescência, minha mãe casualmente mandou aquela conversa que tooooodas as crianças sabem que vai acontecer. "A conversa" tem um tema meio misterioso (um tabu?). É um enigma envolto em névoa, algo que a gente não sabe exatamente o que é mas com certeza é meio escondido para ninguém comentar tanto com a gente.
Vá lá, aos dez anos eu já sabia o que era sexo, camisinha, opções sexuais diferentes e como não ter um neném cedo era importante. Entendia que era algo sério considerar "a hora certa", tratar de forma igualzinha à que eu queria ser tratada todo mundo que é gay e que o posto de saúde distribuía preservativos e anticoncepcionais. Meus pais me criaram de forma bem aberta e o resto, o mundo foi ensinando.

Mas o sexo ainda é um tabu para várias famílias, principalmente famílias de meninas. O espanto que se segue depois que uma menina perde a virgindade ainda é completamente diferente do que acontece quando descobrem que o menino a perdeu. Já vi darem os "parabéns" ao menino... Por acaso é algum tipo de comemoração de aniversário que eu perdi? Uma congratulação carregada de bestialismo e sexismo.
As meninas sofrem com opções, com prazer reprimido, com a "culpa" de que algo possa dar errado... Claro que os meninos também sofrem pressões da sociedade, mas pressões um pouco opostas. A masturbação masculina é vista como "normal", quem nunca fez? Já a feminina é encarada de forma muito negativa por muitas meninas, inclusive, que mal sabem sofrer com preceitos enraizados da moral cristã que permeia o mundo ocidental. Mesmo se você não tiver nenhuma religião, você nascendo num mundo embebido por séculos de doutrinação cristã vai sofrer influência disso nas suas atitudes. 

Acho que já passou da hora de toda a sociedade agir com seriedade em relação ao sexo, sem tabus, sem névoas.
Todo mundo fez, faz ou um dia o fará.
Todo mundo que fez com a consciência limpa, tendo certeza de sua decisão, gostou. Nunca vi ninguém dizer o contrário.
Homens e mulheres. Heterossexuais, homossexuais, bissexuais e toda a gama de opções sexuais existentes. Todos sentem prazer. Todos. Sem exceção. E isso não é sujo.

A busca pelo próprio prazer é algo legítimo, um grito de liberdade. Seja com quem quiser e da forma como quiser, a menos que você desrespeite o outro.
Não vou ser hipócrita, acho que sua liberdade deve ser alcançada com respeito irrestrito pelo outro. Respeitar o espaço alheio e a liberdade alheia é o que há de vital para que sua liberdade seja legítima. 

Mas enquanto o prazer for seu e a sua consciência dominar toda e qualquer decisão que você tomar... Não torne o sexo um tabu, não perpetue a névoa.

Uma sociedade que comece a tratar o sexo como algo natural tornará, a longo prazo, problemas como gravidez precoce e doenças sexualmente transmissíveis infinitamente mais escassos. 
Uma sociedade que comece a tratar do prazer que vem do sexo tornará, a longo prazo, suas pessoas muito mais felizes, livres e bem resolvidas. 
Uma família que trate com naturalidade "a conversa" terá filhos com muito mais maturidade e menos dúvidas relacionadas ao sexo. 

Só se livrar dos tabus para fazer tudo ser mais fácil, mais leve e muito mais gostoso. 


10 comentários:

larissanaestrada disse...

Adorei o post! É exatamente nessa linha que funciona, se os tabus fossem quebrados, muita coisa poderia ser evitada. A minha mãe é o tipo de pessoa que não conversou com os filhos sobre sexo. A minha irmã, aos 15 anos, sabia como as coisas funcionavam, mas a minha mãe proibia ela de sair de casa, com medo de que ela transasse, eai, ela acabava saindo escondida e engravidou aos 15 anos. Eu, depois de 3 anos de namoro, sentei para conversar com a minha mãe sobre a possibilidade de começar a tomar uma pílula, e não engravidei na adolescencia porque tomei uma posição quando na verdade era a minha mãe que deveria ter tomado. Adorei o post, parabéns, mas a nossa sociedade precisa aprender muito ainda.

Mariana Ferrari disse...

Ai, mulher. Você e seus textos maravilhosos. Concordo em gênero e grau com tudo, absolutamente tudo que você disse.
Tirando o chapéu pro seu post!

Mariana Solis disse...

Como eu amei o seu texto! Faço minha cada palavra sua, não tem nem mais o que dizer, você disse t-u-d-o! Obrigada por fazer da blogosfera o espaço que realmente deve ser: de interação e, claro, informação! Beijos!

Mari,
www.antesdesonhar.com.br

Thami Sgalbiero disse...

Isso mesmo. Às vezes de tanto limitarem "a conversa", acaba acontecendo o (ines)esperado né? Não só engravidar, como também doenças e etc. Aqui em casa foi tudo no natural, não tive "a conversa" mas também não é um assunto bloqueado aqui em casa, sabe? Quando tem algum vídeo engraçado ou filme que seja relacionado á algo sobre sexo e essas coisas, não tem aquela coisa de "er... vamos trocar de canal né?" ou então "ah, você não pode ver isso", pelo contrário, ainda comentam sobre (o que as vezes é desnecessário e engraçado ao mesmo tempo), mas é tudo isso ai mesmo que você escreveu nesse post. Adorei!

Bitocas!
www.likeparadise.com.br

Unknown disse...

Acho que cada vez que esse debate é levantado, estamos fazendo mais um investimento na felicidade das pessoas. Na busca pelos sonhos (sem interrompê-los por gravidez indesejada ou, pior, doenças), na sua autonomia e felicidade. Os exemplos que dizem que a falta de informação é a pior aliada são inúmeros. Os pais precisam ter uma consciência mais aberta.
Obrigada pelo carinho aqui no blog! Beijos!

Unknown disse...

Mari linda! <3 Obrigada pelo carinho de sempre, viu?

Unknown disse...

Comentários assim dão muito gás para um blog pequeno como o meu. Não sabe do sorriso que fiquei no rosto. Muito obrigada, Mariana! De verdade!

Beijão pra você.

Unknown disse...

Acho que tratar de forma natural ainda é o melhor jeito de abordar qualquer assunto relacionado ao sexo. Porque é algo natural, então banalizá-lo ou superestimá-lo não são saídas aceitáveis. Obrigada pelo comentário, Thami! Beijão pra você!

Unknown disse...

Olá, como tinha prometido, vim aqui olhar seu post e te dar parabéns. Olha, você completou muito bem a minha ideia e o que eu queria passar pras pessoas. Passei e até hoje passo por esse pré-conceito da sociedade e dentro da minha família também. Já tentei abordar o assunto várias vezes com a minha mãe, inclusive quando estava prestes a perder minha virgindade e ela ficou nervosa na hora, desconversou e disse que não era assunto pra mim. Como assim não era? Eu tinha 15 anos e um namorado. Então, como muitas meninas fazem por ai eu tive que procurar informação na "rua". Felizmente fui aconselhada por pessoas certas.
http://dedodemenina.blogspot.com.br/

Unknown disse...

Acho que é um pouco natural os pais se sentirem meio desconcertados com a ideia de seus filhos estarem fazendo sexo. A princípio, é coisa de "adultos" e isso mostra aos pais que, finalmente, seus filhos não são mais tão crianças assim e lidam com preocupações de gente grande. É normal ficar nervoso mesmo, mas nunca deixar de falar. Você estava certa: não houve informação em casa? Procuro na rua então, mas ela precisa existir de alguma forma. Parabéns pelo post, de verdade!