Atendendo a pedidos, venho neste post contar minha saga da quase-loucura da minha vida. Aviso que o post é grande já de antemão!
Tudo começou quando, há três anos, eu estava no primeiro ano do ensino médio (UAU, tem tanto tempo assim??). O sonho da minha vida se resumia a uma palavra: m-e-d-i-c-i-n-a. Mas para quem conhece a rotina de vestibulares e, principalmente, dos vestibulares de medicina esse sonho é um pouco distante demais para muitos. Depois de uma recuperação meio injusta em física, comecei a pensar que eu poderia estar um pouco distante demais do intelecto que precisaria desenvolver para ser médica.
Ao mesmo tempo, eu escrevia textos. Esses mesmos que vocês de vez em quando descobrem aqui no blog aleatoriamente. E eu era boa, cara. Hoje olho pra trás e percebo que eu tinha real talento pro negócio. Eis que no desespero vocacional, decretei: "Vou ser jornalista".
É claro que eu não iria ser qualquer jornalista, até porque não queria ser só mais uma num mercado que eu acreditava estar meio saturado. Com minha mãe sempre de olho nas novidades de intercâmbio (o sonho da minha mãe ainda é esse), eu descobri que aqui no Rio de Janeiro iria haver uma reunião de diversas faculdades americanas e, posteriormente, pouquíssimas inglesas. Seria no salão de convenções de um hotel bem caro da Zona Sul aqui do Rio de Janeiro (se não me engano, foi no Sofitel). Essas reuniões acontecem com certa frequência aqui no Brasil, que é quando essas instituições particulares conseguem atrair novos estudantes para seus campus. Então a primeira dica é:
Pesquise muito quando e onde acontecerão essas feiras.
Quando fui para a feira, visitei todos os stands. A dica é mostrar-se interessada e ter bom domínio da língua inglesa. Eles perguntaram o que eu fazia, e respondi que fazia um curso técnico numa instituição federal de renome, com boa base em ciências humanas apesar de estudar a área de saúde. Só dizer Fiocruz que os olhinhos deles brilharam. Caso você não estude numa escola de tanto nome, opte por mostrar as coisas que faz. Trabalhos voluntários, participação em competições esportivas, etc.
Mostre interesse em conversar diretamente com a pessoa da faculdade. Alguns stands vão com intérpretes, mas se você conversar diretamente com o representante da instituição (sempre incluindo o intérprete nas conversas, como eu fiz perguntando: "Conhece a Fiocruz? Estudo lá dentro, faço isso e isso e isso") conta bons pontos tanto no quesito simpatia quanto na fluência da língua inglesa.
Lá eu tive que responder a diversos questionários (a maioria em inglês) com várias perguntas sobre minha vida. Não lembro exatamente das perguntas, mas era sobre escolaridade, onde eu estudava, por quais motivos queria estudar fora...
Diversas faculdades que tinham o curso de jornalismo se propuseram a explicar a rotina dos campus e sobre empregos. A faculdade que manteve contato comigo foi a George Washington University, que fica em Washington D.C. (capital estadunidense). Lá eles tem um programa para essa área com uma ênfase multimídia que eu achei muito interessante para quem gosta.
Nessa universidade há também apoio aos estudantes, com dormitórios e estudantes estrangeiros tem prioridade para trabalhar em determinados setores dentro do campus. Masssss o preço era salgado. Mesmo com a bolsa de 50% eu teria que desembolsar cerca de 40 mil dólares por ano. Mais ou menos 20 mil dólares por semestre. Não consigo precisar os valores até porque faz algum tempo, mas dá para entender que não é qualquer um que pode cursar assim e eu, inclusive, não poderia.
A GWU (abreviei, viu?) tinha uma estrutura bem legal. Eles me entregaram diversos folders e mantiveram contato comigo durante esses dois anos. Na mesma semana, sei que houve um contato da universidade com minha escola, tanto que o coordenador veio conversar comigo e eu disse que poderiam sim falar sobre rendimento e tudo mais. O que contou muitos pontos foi eu ter sido boa aluna durante toda a minha vida e o ensino médio inteiro (mesmo que até 2011 meu currículo não tenha alavancado tanto quanto nos dois anos seguintes).
Permaneci em contato com a universidade durante esses últimos dois anos e eles sempre mandavam e-mails e papéis informando que eu deveria continuar manifestando interesse pela bolsa porque, em caso contrário, eu a perderia. E eu a perdi PORQUE não estava com vontade de abandonar meu sonho de ser médica por conta de dificuldades minhas. Decidi superar e seguir o que me deixaria feliz, que é minha carreira na área da saúde apesar de amar escrever e tudo mais.
Se vocês tiverem perguntas além das que eu vou responder aqui, enviem nos comentários que faço um novo post com mais respostas.
Quero também deixar claro que a bolsa de estudos não era uma garantia pelos 4 anos de faculdade. Eu deveria ter notas boas, participação em atividades extras e tudo mais. Por minha vocação diferente e medo de não ter grana, não fui nem irei. Espero que outras pessoas possam agarrar oportunidades assim!
Esqueci de dizer que algumas outras fases seriam necessárias posteriormente, como provas de inglês e outros requerimentos que eu nem cheguei a ver por ter perdido o interesse. Quero que entendam que eu era uma aluna em potencial interessante para a universidade, mas não tinha muitas garantias de conseguir.
Perguntas:
Foi por algum tipo de programa? Quais são os pré-requisitos?
Bem, como eu expliquei foi por essa feira de universidades americanas. Nesse caso, não há pré-requisitos, mas é muito interessante que você se comunique fluentemente em inglês e mostre ser bom aluno/ter bons antecedentes, digamos assim.
A Marielen Romanna, do blog
Voa, Mari, perguntou:
O que precisa fazer pra conseguir uma bolsa nos EUA? Todas as universidades gringas disponibilizam essas bolsas?
Há diveeeersos programas, mas eu não conheço a fundo de nenhum (nem mesmo desse) para explicar muito bem. Também não sei se são todas as universidades que fazem isso, mas são muitas. Na feira havia mais de 30 faculdades americanas com seus stands.
A Danyella Rodrigues, que não tem blog, perguntou:
Como você aprendeu a língua e por que recusou a bolsa?
Eu aprendi inglês em cursos, mas principalmente por mim mesma através de séries, músicas e livros. Meu nível de inglês já é avançado (faltam 3 meses para eu concluir o curso no Cultura Inglesa). Na época, era o intermediário 3, um nível antes do avançado. Isso me permitiu conversar sem grandes falhas com as pessoas de todos os stands. Recusei a bolsa porque, como eu disse acima, meu sonho é ser médica e não jornalista.
Você fez algum tipo de prova/vestibular para conseguir? Alguém te indicou?
Não, não fiz prova alguma porque não optei por continuar mantendo contato com a universidade até o ponto em que eu teria algum tipo de teste de inglês a ser feito. O cara se interessou de verdade porque me viu falando inglês e porque mencionei a instituição em que eu estudava, além do meu curso técnico que, mesmo não sendo na área, já mostra que estava em busca de me tornar uma profissional ainda muito cedo. À época da feira eu havia acabado de completar 15 anos.
Em qual universidade você iria estudar?
Na George Washington University, com o campus em Washington D.C.
O dinheiro para investir nisso é quanto? Você receberia uma ajuda de custo para viver lá?
O dinheiro é muito. Não parei para fazer contas do total (universidade, moradia, alimentação)... Mas tem que ter muita vontade e dinheiro considerável nesse caso. A universidade ajudaria pelo programa de estrangeiros, com prioridade para trabalho em serviços nas lanchonetes e bares do campus. Mas... Não era muito mais que isso.
Em quais cidades/estados essas feiras vão e como saber quando vão?
O Google é o melhor amigo dessas horas. Alguns jornais também divulgam, há um tempo atrás o Jornal Hoje, da Globo, falou sobre essa feira. Mas acontecem nas capitais, geralmente. Já vi no Rio, em São Paulo e em Belo Horizonte.
Apenas escolas públicas disponibilizam bolsas?
Não sei! Eu fui com minha família, levei meus pais e eles também conversaram (só minha mãe porque meu pai não fala inglês), mas foi sozinha. Há programas de escolas e faculdades relacionados a estudos "sanduíche", metade aqui no Brasil e metade fora, mas o que eu consegui não era ligado a nenhuma instituição de ensino brasileira.
Você gastou quanto pra isso? Foi através de qual programa? Como assim você não foi?! Qual seu nível de inglês? Você iria morar onde lá? Seria na própria faculdade? República? Casa de alguém? Eles iam pagar todas suas necessidades?
Opa, calma! Não cheguei a gastar nada porque, como disse, desisti numa das primeiras fases do processo. Não foi através de nenhum programa, eu que procurei. Não fui porque não quero ser jornalista e sim médica. Meu nível de inglês é avançado. Eu moraria nos dormitórios da faculdade, em Washington. E eles não pagariam todas as minhas necessidades.
A Gabrielle Isabelle, que não disse o blog, perguntou:
Tem uma prova certo? Em uma das universidades vi que tem essa prova online, você fez presencial ou online? Onde? Qual universidade? Você contratou alguém para traduzir boletins?
Não cheguei a fazer provas porque desisti nas primeiras fases. Seria em Washington, capital americana, na GWU. E não contratei ninguém para traduzir boletins, eles que entraram em contato com a escola pelo que fui informada.
As dúvidas foram sanadas com alegria, galera? Perdão pelo post longo, mas queria evitar dividí-lo e nunca mais lembrar de escrever. Ops...
Mais alguma coisa é só comentar, viu? Beijão!