Não sei se vocês sabem, mas desde que eu entrei no Ensino Médio fiquei na turma de Audiovisual em artes. E foi um período maravilhoso! No momento talvez eu não tenha percebido tanto o que acontecia na minha percepção sobre a sétima arte em geral, mas hoje eu paro e percebo que amadureci muito nesse quesito. E melhorei muito a qualidade dos filmes que assisto, procurando sempre observar coisas como fotografia, posicionamento da câmera, luz e entender como isso influenciou o que senti durante o filme.
Nesse período, conheci documentários maravilhosos. Decidi apresentar três e depois vou dar umas dicas de outros.
Primeiramente, vamos entender o que são documentários?
Documentário
O documentário é um gênero do cinema que tem um comprometimento com a veracidade das ideias que passa. Mas a veracidade das ideias é algo muito subjetivo, não? O que é verdadeiro do meu ponto de vista pode não ser do seu.
Compliquei para você? Então vou descomplicar.
No cinema, em histórias de ficção, o homem pode se jogar de um prédio de 21 andares e não cair ou morrer se isso for positivo para o andamento da história. Num documentário, o homem despencar dessa mesma altura e não morrer ou se ferir gravemente seria uma afronta à verossimilhança. O documentário prima pelo real, em apresentar a realidade. Como é feito por cineastas e cineastas têm suas próprias opiniões e ideologias, ele é carregado de subjetividade. Portanto, não pode ser tido como uma representação fiel da realidade, mas dá para ter uma ideia maravilhosa por ser um documento.
Jogo de Cena (2007)
Atendendo a um anúncio de jornal, 83 mulheres contaram sua história de vida em um estúdio. 23 delas foram selecionadas, em junho de 2006, e filmadas no Teatro Glauce Rocha. Em setembro do mesmo ano várias atrizes interpretaram, a seu modo, as histórias contadas por estas mulheres.
Há uma particularidade engraçada com esse filme e esse diretor. Conheci o filme em 2011, num momento de muita tristeza na minha vida. Uma coisa havia acontecido comigo e isso era muito semelhante a uma das histórias contadas por uma das mulheres desse filme. Apresentado pelo meu amigo JP (obrigada eternamente por tudo), no mesmo momento em que recebi seu link, disponível aí em cima, assisti a tudo. Terminei meio que chorando meio que perplexa. É de uma simplicidade e de uma genialidade impressionante! Toca profundamente nosso coração. E foi esse filme que abriu meus olhos para a minha até então triste realidade. Me mudou completamente com a situação.
Cerca de dois meses depois houve uma semana de arte na minha escola. Parávamos todas as aulas para filmes e debates incríveis. Eduardo Coutinho, o diretor deste filme, estava presente apresentando um filme tão simples, tão incrível e muito secreto que não era esse (pesquisem a filmografia desse cara urgentemente). Eu lembro que fiquei meio boba com a forma que ele falava e era simpático. Todo o auditório lotado prestando atenção ao que ele falava.
Dia desses ele apareceu nos noticiários por um motivo tristíssimo: fora assassinado pelo filho, que sofria de distúrbios mentais. Eu só queria que a memória dele não ficasse marcada por isso na mente de vocês que provavelmente assistiram ao Jornal Nacional. Queria que assistissem a esse, se encantassem e procurassem mais coisas. Promessa de dedinho com a Bia?
La educación prohibida (2012)
A Educação Proibida (La Educación Prohibida) é um filme documentário que se propõe questionar as lógicas da escolarização moderna e a forma de entender a educação, visualizando experiências educativas diferentes, não convencionais que colocam a necessidade de um novo paradigma educativo.
Esse documentário eu assisti durante uma aula de filosofia. Dá para perceber que a Politécnica me marcou muito profundamente no quesito fílmico e crítico, não? Esse filme é um tapa na cara da nossa educação tradicional. Uma quebra de paradigmas impressionantes que nos faz pensar:
"Por que estamos submetidos a métodos seculares de educação que não privilegiam o conhecimento para o aluno realmente?"
"Por que essa meritocracia que não leva em consideração o real aprendizado?"
"Por que a escola é um espaço insatisfatório para o aluno?"
Depois que você terminar esse filme, terá milhões de interrogações na sua cabeça. Elas irão muito além do que você conhece como educação, escola, vestibular e toda essa baboseira. Esse documentário argentino funciona como um propulsor para a nossa mente, nos questiona. Ele nos joga contra a parede e ensina de um modo belíssimo. Achei bem interativo e bonito visualmente também. É agradável aos olhos e à mente. Vale muito a pena.
Capitalismo: uma história de amor (2009)
Michael Moore apresenta uma análise de como o capitalismo corrompeu os ideais de liberdade previstos na Constituição dos Estados Unidos, visando gerar lucros cada vez maiores para um grupo seleto da sociedade, enquanto que a maioria perde cada vez mais direitos.
Querem me chamar de socialista? Chamem então. Haverá aqueles mimimis típicos de quando eu deflagro que eu sou contra o neoliberalismo e capitalismo como se dá. E também não acho o socialismo efetivo de todo, porque para mim ele é utópico. Para você que quer entender como se dá o capitalismo na real nesse mundão afora, se liga nesse filme dirigido por Michael Moore. O cara é fera e tem diversos outros documentários que você deve ver. Simplesmente porque ele é uma das pessoas que mais se destaca no planeta por dirigir documentários que tem colocam para pensar de verdade.
Como eu disse lááá em cima, um documentário é uma visão subjetiva da realidade. Mas é necessário compreender que o mundo é mais do que a gente vê pela televisão, que os americanos não são todos capitalistas-malucos-que-só-querem-saber-de-ferrar-o-resto-do-mundo, que um monte de coisas que nós conhecíamos como corretas podem ser visões hegemônicas. Veja esse documentário com urgência.
Como eu disse lááá em cima, um documentário é uma visão subjetiva da realidade. Mas é necessário compreender que o mundo é mais do que a gente vê pela televisão, que os americanos não são todos capitalistas-malucos-que-só-querem-saber-de-ferrar-o-resto-do-mundo, que um monte de coisas que nós conhecíamos como corretas podem ser visões hegemônicas. Veja esse documentário com urgência.
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